A Criação da Música (Parte 1)

8 de abr. de 2013


          


         A música foi criada por Deus e já existia antes mesmo da criação do homem. No livro de Jó, o mais antigo das Escrituras, lemos que, quando Deus lançava os fundamentos da terra, as estrelas da alva (primeira claridade da manhã) cantavam e todos os filhos de Deus regozijavam (Jó 38:7). Se compararmos esta passagem com Isaías 14:12, onde Lúcifer é chamada de estrela da manhã e filho da alva, podemos entender que, antes da criação do universo, havia no céu uma hoste angelical separada para cantar louvores ao Eterno Deus, da qual Lúcifer parece ter sido o regente (Ezequiel 28:12-15).

OBSERVAÇÕES:

“Que foram feitas para você” – O texto hebraico traz: “Os seus tambores e flautas”.
“Eu o joguei no chão” – Possivelmente, isso queria dizer que ele foi lançado no mundo dos mortos.
Na sua soberba, o rei de Tiro é semelhante àquele anjo que era revestido de glória, mas caiu até as profundezas por causa de sua soberba; descreve bem a origem e a natureza de Satanás.
Vers. 14 – Este ser aqui descrito era um anjo poderoso que viveu nos céus.
Perfeito eras – Em Isaías 14:12 compara o rei da Babilônia à pessoa de Lúcifer (Estrela da Manhã). Naqueles tempos já existia a história de um anjo perfeito, dos mais gloriosos, que, querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição. A Bíblia não dedica muitas linhas aos fatos ocorridos nos Céus; da mesma forma, só o primeiro capítulo de Gênesis se refere à criação do universo inteiro, daí a narrativa se limita às origens da terra, e depois, à história da raça humana. Compreende-se, porém, que há uma alusão à pessoa de Satanás e que a soberba entrega a pessoa nas mãos dele.
Vers. 22 – “Sou santo” – Deus está separado de tudo o que é impuro ou imperfeito. E todo objeto e pessoa dedicados ao serviço de Deus são também santos, isto é, pertencem exclusivamente a Deus e servem somente a Ele.
A primeira metade do versículo descreve a soberba de Tiro; a segunda, mostra a glória original do arcanjo que como querubim, antes de sua queda, guardava a presença de Deus, vivendo no brilho das pedras, ou seja, no meio do fulgor de relâmpagos que para Deus serve como pavimento.
Corrompeste a tua sabedoria – O poder, a riqueza e a sabedoria perdem seu valor quando se misturam com a soberba; é como uma tomada elétrica desligada da força. Até mesmo um arcanjo que se desligue do contato amoroso de Deus nada mais faz com seus poderes sobrenaturais senão arruinar os homens e decretar sua própria e eterna destruição (Apocalipse 20:10).

O homem, como criatura de Deus, recebeu a música como um dom divino. Não existe nenhum povo que não tenha sua própria música, assim como não existe ninguém que não aprecie algum tipo de música. Mesmo os povos mais primitivos são dotados de musicalidade, pois vivemos em um universo musical, e desde que nascemos somos envolvidos pela música e aprendemos a apreciá-la.
        A primeira passagem bíblica que faz referência à música e a instrumentos musicais se encontra em Gênesis 4:21. O texto nos fala das bases da cidade edificada por Caim e seus descendentes, e entre os pilares daquela sociedade primitiva encontramos a agricultura (v. 20), a indústria (v.22) e a música (v. 21), revelando a importância da música na vida do homem.
        Alguns profetas também eram músicos. Durante o êxodo, a profetisa Miriã conduziu as mulheres em danças e cântico usando seu tamborim e celebrando a vitória do Senhor sobre os egípcios (Êxodo 15:20-21).Em I Samuel 10:5 Saul encontra um grupo de profetas que profetizavam acompanhados de seus instrumentos musicais. Isaías compôs canções como a do capítulo 26:1-6 de seu livro.
        Quando lemos sobre a música na Bíblia, o fator mais interessante é a sua rica variedade e as poucas restrições quanto ao seu uso. Há variedade de instrumentos, de sons e volumes, de adoradores, de posturas e modos, variedade de lugares, de ocasiões e motivos. A música na Bíblia era dividida em instrumental (Salmos 33:2-3 e Salmos 150) e vocal (Salmos 98:5; II Samuel 19:35 e Atos 16:25). Os títulos de 55 salmos contém instruções para os regentes sobre à execução dos vários instrumentos musicais e das melodias que deveriam ser utilizadas no acompanhamento.
        Como a música é um dom de Deus ao homem, a melhor forma de agradecê-Lo por esta dádiva é fazer música para seu louvor e sua glória.  Em Hebreus 13:15 somos exortados a louvar a Deus por meio de Jesus, oferecendo-lhe continuamente sacrifício de louvor, que é o fruto dos lábios que confessam o seu nome.
        A música como dever religioso – que deve ser oferecida como sacrifício de louvor – é o que nós chamamos de música sacra, ou sagrada, música de louvor e adoração. Existe, no entanto, uma música espontânea, que brota de um coração cheio da vida de Deus, através do Espírito Santo – é o fruto dos lábios que confessam o seu nome (Efésios 5:18-19). Essa música, que não deixa de ser louvor a Deus, não precisa ser feita de palavras ou expressões religiosas. Ela reflete as experiências da vida de alguém que conhece a Deus e não precisa afirmar isso com os lábios para que as pessoas tomem conhecimento. Sua vida é uma expressão de sua intimidade com o Criador. É por isso que a música encontrada nas Escrituras é ampla e está relacionada a todas as áreas da vida.
        A adoração dos judeus nos tempos bíblicos era um estilo de vida, não uma atividade confinada aos cultos realizados no templo no dia de sábado. Sendo assim, a música estava relacionada a uma grande variedade de atividades diárias e era utilizada com diversos fins e propósitos, tais como:

Para promover alegria (Gn 31:27; Ec 2:1, 8-11);
Na guerra (Josué 6; II Cr 20:21-22);
Como expressão de arte e poesia (Cantares de Salomão);
Como forma de protesto (Sl 73);
Para confissão de pecados (Sl 32 e 51);
Para oração (Sl 7; 38; 64; etc);
Para testemunho (Sl 23; 46; etc);
Para terapia (I Samuel 16:14-17, 23);
Com dever religioso (Sl 81:1; 95:1; Is 30:29);
E como expressão de lamento e tristeza (Lamentações).

        A Bíblia não nos fornece instruções específicas sobre estilos musicais. Sabemos apenas que os judeus usavam instrumentos de diversos tipos, que eram divididos em 3 categorias:
Cordas;
Sopro;
Percussão.

Foi o rei Davi quem promoveu o uso de tais instrumentos, além de instituir os cantores e regentes de música (I Crônicas 15 e 16).
    Temos também outros exemplos de cânticos na Bíblia, como o de Moisés (Êxodo 15) e o de Maria (Lucas 1:46-56).
   Somos exortados diversas vezes a apresentar a Deus canções novas que mostrem ao povo de nossa época o que Deus tem feito por nós (Sl 33:3; 40:3; 96:1; 98:1; 149:1; Ap 5:9). Esse tipo de cântico tem o poder de revelar que Deus está vivo, está presente, atuando na história humana.
        Assim, apesar da Bíblia estar repleta de recomendações e incentivos para que o homem adore ao Criador, a única instrução específica que temos de como deve ser essa adoração é a de Jesus à mulher samaritana: “Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24).
      A adoração a Deus, seja ela vocal ou instrumental, qualquer que seja o ritmo ou a melodia, deve brotar no mais íntimo do ser humano como uma expressão de reconhecimento, gratidão e reverência ao Criador.

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