A música foi criada por Deus e já existia
antes mesmo da criação do homem. No livro de Jó, o mais antigo das Escrituras,
lemos que, quando Deus lançava os fundamentos da terra, as estrelas da alva
(primeira claridade da manhã) cantavam e todos os filhos de Deus regozijavam (Jó 38:7). Se compararmos esta passagem
com Isaías 14:12, onde Lúcifer é
chamada de estrela da manhã e filho da alva, podemos entender que, antes da
criação do universo, havia no céu uma hoste angelical separada para cantar
louvores ao Eterno Deus, da qual Lúcifer parece ter sido o regente (Ezequiel 28:12-15).
OBSERVAÇÕES:
“Que foram feitas para você” – O texto hebraico traz:
“Os seus tambores e flautas”.
“Eu o joguei no chão” – Possivelmente, isso queria dizer que ele foi lançado no mundo
dos mortos.
Na
sua soberba, o rei de Tiro é semelhante àquele anjo que era revestido de
glória, mas caiu até as profundezas por causa de sua soberba; descreve bem a
origem e a natureza de Satanás.
Vers. 14 – Este ser aqui descrito era um anjo poderoso que viveu nos céus.
Perfeito eras – Em Isaías 14:12 compara o rei da Babilônia à pessoa de Lúcifer
(Estrela da Manhã). Naqueles tempos já existia a história de um anjo perfeito,
dos mais gloriosos, que, querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado
à destruição. A Bíblia não dedica muitas linhas aos fatos ocorridos nos Céus;
da mesma forma, só o primeiro capítulo de Gênesis se refere à criação do
universo inteiro, daí a narrativa se limita às origens da terra, e depois, à
história da raça humana. Compreende-se, porém, que há uma alusão à pessoa de
Satanás e que a soberba entrega a pessoa nas mãos dele.
Vers. 22 – “Sou santo” – Deus está separado de tudo o que é impuro ou imperfeito. E todo
objeto e pessoa dedicados ao serviço de Deus são também santos, isto é, pertencem exclusivamente a Deus e servem
somente a Ele.
A
primeira metade do versículo descreve a soberba de Tiro; a segunda, mostra a
glória original do arcanjo que como querubim,
antes de sua queda, guardava a presença de Deus, vivendo no brilho das pedras, ou seja, no meio do
fulgor de relâmpagos que para Deus serve como pavimento.
Corrompeste a tua sabedoria – O poder, a riqueza e a sabedoria perdem seu valor quando se
misturam com a soberba; é como uma tomada elétrica desligada da força. Até
mesmo um arcanjo que se desligue do contato amoroso de Deus nada mais faz com
seus poderes sobrenaturais senão arruinar os homens e decretar sua própria e
eterna destruição (Apocalipse 20:10).
O homem, como criatura
de Deus, recebeu a música como um dom divino. Não existe nenhum povo que não
tenha sua própria música, assim como não existe ninguém que não aprecie algum
tipo de música. Mesmo os povos mais primitivos são dotados de musicalidade,
pois vivemos em um universo musical, e desde que nascemos somos envolvidos pela
música e aprendemos a apreciá-la.
A
primeira passagem bíblica que faz referência à música e a instrumentos musicais
se encontra em Gênesis 4:21. O texto
nos fala das bases da cidade edificada por Caim e seus descendentes, e entre os
pilares daquela sociedade primitiva encontramos a agricultura (v. 20), a
indústria (v.22) e a música (v. 21), revelando a importância da música na vida
do homem.
Alguns
profetas também eram músicos. Durante o êxodo, a profetisa Miriã conduziu as
mulheres em danças e cântico usando seu tamborim e celebrando a vitória do Senhor
sobre os egípcios (Êxodo 15:20-21).Em
I Samuel 10:5 Saul encontra um grupo
de profetas que profetizavam acompanhados de seus instrumentos musicais. Isaías
compôs canções como a do capítulo 26:1-6
de seu livro.
Quando
lemos sobre a música na Bíblia, o fator mais interessante é a sua rica
variedade e as poucas restrições quanto ao seu uso. Há variedade de
instrumentos, de sons e volumes, de adoradores, de posturas e modos, variedade
de lugares, de ocasiões e motivos. A música na Bíblia era dividida em instrumental
(Salmos 33:2-3 e Salmos 150) e vocal (Salmos
98:5; II Samuel 19:35 e Atos 16:25).
Os títulos de 55 salmos contém instruções para os regentes sobre à execução
dos vários instrumentos musicais e das melodias que deveriam ser utilizadas no
acompanhamento.
Como
a música é um dom de Deus ao homem, a melhor forma de agradecê-Lo por esta
dádiva é fazer música para seu louvor e sua glória. Em Hebreus
13:15 somos exortados a louvar a Deus por meio de Jesus, oferecendo-lhe
continuamente sacrifício de louvor, que é o fruto dos lábios que confessam o
seu nome.
A
música como dever religioso – que deve ser oferecida como sacrifício de louvor
– é o que nós chamamos de música sacra, ou sagrada, música de louvor e
adoração. Existe, no entanto, uma música espontânea, que brota de um coração
cheio da vida de Deus, através do Espírito Santo – é o fruto dos lábios que
confessam o seu nome (Efésios 5:18-19).
Essa música, que não deixa de ser louvor a Deus, não precisa ser feita de
palavras ou expressões religiosas. Ela reflete as experiências da vida de
alguém que conhece a Deus e não precisa afirmar isso com os lábios para que as
pessoas tomem conhecimento. Sua vida é uma expressão de sua intimidade
com o Criador. É por isso que a música encontrada nas Escrituras é ampla
e está relacionada a todas as áreas da vida.
A
adoração dos judeus nos tempos bíblicos era um estilo de vida, não uma
atividade confinada aos cultos realizados no templo no dia de sábado. Sendo
assim, a música estava relacionada a uma grande variedade de atividades diárias
e era utilizada com diversos fins e propósitos, tais como:
Para
promover alegria (Gn 31:27; Ec 2:1, 8-11);
Na
guerra (Josué 6; II Cr 20:21-22);
Como
expressão de arte e poesia (Cantares de Salomão);
Como
forma de protesto (Sl 73);
Para
confissão de pecados (Sl 32 e 51);
Para
oração (Sl 7; 38; 64; etc);
Para
testemunho (Sl 23; 46; etc);
Para
terapia (I Samuel 16:14-17, 23);
Com
dever religioso (Sl 81:1; 95:1; Is 30:29);
E como expressão
de lamento e tristeza (Lamentações).
A
Bíblia não nos fornece instruções específicas sobre estilos musicais. Sabemos
apenas que os judeus usavam instrumentos de diversos tipos, que eram divididos
em 3 categorias:
Cordas;
Sopro;
Percussão.
Foi o rei Davi quem
promoveu o uso de tais instrumentos, além de instituir os cantores e regentes
de música (I Crônicas 15 e 16).
Temos também outros exemplos de cânticos na Bíblia, como o de
Moisés (Êxodo 15) e o de Maria (Lucas 1:46-56).
Somos
exortados diversas vezes a apresentar a Deus canções novas que mostrem ao povo
de nossa época o que Deus tem feito por nós (Sl 33:3; 40:3; 96:1; 98:1; 149:1; Ap 5:9). Esse tipo de cântico
tem o poder de revelar que Deus está vivo, está presente, atuando na história
humana.
Assim,
apesar da Bíblia estar repleta de recomendações e incentivos para que o homem
adore ao Criador, a única instrução específica que temos de como deve ser essa
adoração é a de Jesus à mulher samaritana: “Deus é espírito, e é necessário que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24).
A adoração a Deus, seja
ela vocal ou instrumental, qualquer que seja o ritmo ou a melodia, deve brotar
no mais íntimo do ser humano como uma expressão de reconhecimento, gratidão e
reverência ao Criador.
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